As Lives Tiradentes têm sido um momento de debate e construção coletiva virtual de conhecimento durante o período de isolamento social que vivemos. Este cenário foi novamente comprovado na noite desta quarta-feira (04), durante a live ‘Transformações na Educação: tendências pós pandemia’, onde Luciano Klima e Temisson José dos Santos debateram este tema no Youtube do Centro Universitário Tiradentes (Unit/AL).
Sob mediação de Marco André Ramos, coordenador do Unit Biz, e tradução simultânea em Libras por Cláudia Nascimento, o debate seguiu o fio lógico de ‘antes, durante e depois da pandemia’ para apresentar os cenários de onde viemos e para onde estamos indo, diante das principais tendências em Educação.
Não é exagero dizer que o mundo – e os planejamentos de pessoas e empresas – era um até fevereiro e, dali, a realidade se desintegrou diante das restrições impostas pela pandemia do novo coronavírus. Luciano Klima, presidente do Grupo Tiradentes, apontou que o Brasil estava tendo um prognóstico positivo quanto ao crescimento econômico e geração de empregos, e como isso poderia se refletir em mais pessoas aproveitando a oportunidade para buscar seu espaço na educação superior, até como forma de se destacar nesta retomada.
“Olhando pelo lado da educação, no nosso planejamento estratégico nós falávamos da transformação digital como perspectiva para o ano e para o futuro. Discutíamos modelos de aprendizagem ativa, colaborativa, como integrar isso com a tecnologia. Outra coisa que era uma tendência muito grande antes da pandemia e, agora, muito forte é como captar dados e transformar em informação para alcançar resultado, melhoria do aprendizado, evolução contínua dos sistemas, em capacitação do professor”, apresentou Klima.
Outra tendência apontada pelo professor Klima foi o crescimento da Educação à Distância (EaD) no Brasil, mas em um formato híbrido, no qual o aluno continua tendo a presencialidade nas aulas, mas em algum momento é exposto à tecnologia para intermediar o processo de aprendizagem. Este ponto foi explicado mais em detalhe por Temisson José, quando revelou o novo modelo acadêmico que estava sendo implantado pelo Grupo Tiradentes.
“O Grupo se movimentava na implantação de um modelo focado no aluno, tendo como projetos estruturantes a formação continuada do professor e a gestão da aprendizagem, o uso de tecnologia e de ambientes diferenciados. Estávamos e estamos ainda – pois é um ponto que não tiramos do foco e talvez se amplie – em um processo de hibridização, tendo por base na portaria do início de dezembro de 2019, que permitiu aos cursos de graduação avançar no percentual de não-presencialidade de 20% para 40%”, explicou o vice-presidente acadêmico do Grupo Tiradentes.
O futuro é agora e precisa de gestão
Algumas destas tendências até fevereiro viraram realidades de forma brusca com a adoção forçada do home office e as aulas virtuais, síncronas e assíncronas. O Grupo Tiradentes, por exemplo, que ainda debatia a portaria de não-presencialidade, se viu diante de uma remodelagem urgente do planejamento.
“Temos uma linha de focar na aprendizagem no aluno, ele é o objeto do nosso trabalho, o centro das nossas atenções. Para isso acontecer, o Grupo Tiradentes focou muito na atualização da modelagem curricular, com um alicerce de formação continuada de professor. Entendemos que tudo o que se faz na academia precisar ter o professor como pilar. E em paralelo a isso, uma capacidade de gestão, de fato”, defendeu Temisson José.
Neste ponto, Luciano Klima revelou que, para fazer frente às mudanças de cenário impostas pelo coronavírus, o Grupo Tiradentes enquanto empresa de educação, assim como muitas empresas de outros setores econômicos, voltou-se com atenção especial à gestão, criando um grande Comitê de Contingenciamento formado pelos integrantes das unidades do Grupo nos estados nordestinos onde atua para lidar com os impactos da pandemia.
“Este Comitê elencou cinco grandes frentes de trabalho que consideramos essenciais para gerenciar e lidar com esta crise. Resumidamente, esses blocos foram o modelo acadêmico, pois a tecnologia é o meio, mas nosso foco é o desenvolvimento do aluno. Em segundo veio o planejamento financeiro da empresa, diante das mudanças que precisaram ser feitas enquanto elas duram. Depois o cuidado com o colaborador, com capacitação aos professores para que eles adaptassem sua forma de ensino para o virtual e até mesmo com suporte financeiro para custos com equipamentos e internet, que muitos não tinham acesso no modo que se passou a precisar”, elencou Klima.
E a Unit/AL recebeu uma menção especial nesta lista. “Em quarto lugar, a responsabilidade social, e nisso Alagoas deu um show com diversas ações de doação de insumos a equipes de saúde, campanhas de arrecadação de alimentos e doação às comunidades. O reitor Dario Arcanjo está de parabéns com sua equipe quanto a isso”, destacou o presidente do Grupo Tiradentes.
“A quinta e última frente do Comitê foi o cuidado com a comunicação, que já é importante em si, mas neste momento alcançou um ponto ainda maior de atenção para clareza nas mudanças que estavam sendo feitas e para comunicar de forma a não aumentar a angústia das pessoas diante das incertezas que a pandemia trouxe. De forma bem resumida, esses foram nossas frentes de atuação quanto à gestão”, arrematou Luciano Klima.
Interação virtual
Mas o debate não foi unilateral: o público enviou seus comentários e perguntas aos debatedores através da sessão de comentários da transmissão no Youtube. Questões como mudanças futuras no ensino superior, facilidade de interação com instituições estrangeiras neste novo ambiente de aulas virtuais, investimento no desenvolvimento das ‘soft skills’ (ou competências comportamentais) dos alunos.
Uma das perguntas, inclusive, gerou uma leve brincadeira entre os debatedores, quando Cristiano Vieira Montenegro perguntou ao professor Temisson quais as expectativas a partir da homologação do Parecer Nº 5/2020 do Conselho Nacional de Educação (CNE), que autoriza a contagem das atividades não-presenciais na carga horária mínima anual dos estudantes.
“Agradeço pela questão de prova, professor Cristiano!”, brincou Temisson, antes de falar que a medida integra a discussão já em andamento sobre hibridização do ensino.
Ponte aluno-empresa
Quem aproveitou o momento para participar do debate deixando sua pergunta foi o reitor da Unit/AL, professor Dario Arcanjo de Santana. “De que forma as mudanças que aconteceram durante a pandemia influenciarão a relação entre academia e as empresas?”, escreveu no chat, dando voz a uma preocupação de diversos alunos e professores na Unit.
Luciano Klima elencou três pontos de atenção em sua resposta ao reitor. “Muita coisa ainda está por vir, não tem nada 100% mapeado ainda, mas uma boa parte do que as empresas estão buscando se adaptar são os skills [habilidades] necessárias ao novo colaborador diante desse cenário. Outro desafio que vejo muito grande é como a gente vai conseguir se adaptar rapidamente a este cenário para preparar esse aluno melhor. O terceiro é como fazer a ponte, pois em nossa estratégia temos a empregabilidade como um pilar e muito bem conduzido pelo Unit Carreiras, então devemos pensar em como podemos continuar inovando”.
Temisson José focou nas ações do Unit Carreiras, que não foram paradas mesmo com o isolamento. “Estamos em constante contato com as empresas, pois nesse momento precisamos entender o que elas precisam e o que mudou na vida delas também. Queria também destacar o Unit Carreiras, que virtualizou todo o atendimento e está contando com uma presença incrível dos alunos, mesmo online e voluntária”, destacou.
O que será o amanhã
Por fim, os debatedores deixaram suas impressões sobre o mundo pós-pandemia. Tópicos como maior adesão aos encontros virtuais para o trabalho – diminuindo até as viagens profissionais – e sociais, incluindo uma reformulação do segmento de entretenimento, com o sucesso das lives, reunindo shows e ação solidária.
Um ponto de atenção do ‘novo normal’ é a diversificação das habilidades de professores e alunos, tanto hard skills (conhecimento e formação profissional) e soft skills (habilidades emocionais e organizacionais). Isso contou com um ‘chamado à transformação’ por Luciano Klima, para que os internautas desenvolvam a resiliência para lidar com o fato de que um planejamento a longo prazo pode não ser uma realidade futura tão próxima.
“O normal de agora não é mais como o de antigamente e devemos estar preparados para isso. Precisamos ter um cuidado porque teremos que ser flexíveis, toda hora vão acontecer mudanças, vão surgir outros decretos [do governo] e vamos ter que nos adaptar. Quer ver um exemplo interessante? O Grupo Tiradentes já vinha com o Google for Education desde 2016, que era opcional aos alunos, e agora foi uma mudança necessária. Sem esse período de tempo, sem essa decisão executiva de implantação, o processo de adaptação agora seria muito mais doloroso”, ponderou Luciano Klima.
Por Mariana Lima – Algo Mais Consultoria e Assessoria